terça-feira, 26 de fevereiro de 2013


DEUS EU PRECISO DE UM MILAGRE


Nem sempre o fim de linha é a linha de chegada. Às vezes são obstáculos que tentam paralisar uma caminhada. Pode ser uma queda, como o envolvimento de Davi, o marido de Mical, com Batseba, a esposa de Urias (II Sm 12: 24); ou pode ser o mar, o grande mar Vermelho, que se apresentou no caminho durante a peregrinação israelita em direção à terra prometida (Êx 14).

O povo de Israel não podia voltar porque avistaram atrás o exército de Faraó, mas também não podia seguir em frente porque não havia mais caminho. O que fazer agora? Esse é o momento da total dependência de Deus, quando todos os nossos recursos acabam, quando chegamos no limite de nossas forças e possibilidades. Milagre é isso: uma intervenção divina onde só Deus pode fazer alguma coisa. Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo e faz do Onipotente o seu protetor, pode dizer ao Senhor: Tu és o meu Deus, em quem confio (Sl 91, NTLH). O povo que confia em Deus pode dizer: Quando estamos fracos, aí é que estamos fortes. Isso é místério, porque mistério na religião cristã quer dizer verdade inacessível à razão. E a nossa crença é essa: que só Deus faz milagre, porque milagre é coisa que só Deus pode fazer.

A atitude dos israelitas é a única arma eficaz em situações como estas: "Os filhos de Israel clamaram ao Senhor" (Êx 14: 10). Somente Ele poderia impedir a destruição e o fracasso do seu povo. Como disse Judas, servo de Jesus Cristo: Deus pode impedir que vocês caiam! (Jd 1: 24, NTLH). Foi sábia a atitude de Maria durante um casamento em Caná da Galiléia. O vinho terminou, a festa também terminaria. A sua oração, direcionada a Cristo, era a única oração possível: "Jesus, o vinho acabou!" (Jo 2: 3). Na verdade, uma confissão. Precisamos aprender a ser assim - corajosos, sinceros e diretos, sem rodeios, como foi Maria. Em nosso caso, outras orações devem ser igualmente claras e objetivas: "Jesus, o limite chegou!", "Senhor, eu preciso de um milagre!"

No caso israelita, Deus deu ordens ao povo pra marchar. Ele manda seguir em frente, quando aparentemente não há motivos para seguir em frente. Mas na verdade há: a certeza de que o Senhor está à nossa frente. Como ele disse a Josué: "Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não pasmes, nem te espantes: porque o Senhor, teu Deus, é contigo, por onde quer que andares" (Js 1: 9). E quando o povo fez isso, o mar saiu da frente, abrindo o caminho para a vitória de Israel e derrota dos seus inimigos.

Nas bodas de Caná, Jesus até questionou sua mãe por não ser o momento para dar início ao ministério de milagres e maravilhas. Só que ela não tinha dúvidas: por compaixão, para impedir que a alegria daquele momento festivo terminasse prematuramente, Jesus iria fazer alguma coisa. Ficou registrado, então, o único mandamento de Maria aos discípulos de Jesus: "Façam tudo o que ele disser" (Jo 2: 5). Apesar da sua hora não ter chegado, Jesus adiantou-se para fazer o milagre. Outra oração é válida: "Jesus, apressa-te em me livrar. Eu preciso de um milagre, por favor, por amor, apressa-te!"

A cura através do perdão.

Perdoar significa doar-se, dar o perdão por inteiro e de todo o coração. Perdoar é dar uma nova chance, uma oportunidade para quem caiu poder se levantar e recomeçar. O perdão que cura não é simplesmente fruto do desejo e da vontade, mas de uma decisão tomada de maneira livre e consciente por alguém que resolve colocar um fim no sofrimento causado pelas mágoas e ressentimentos guardados. Perdoar e ser curado não é um ato mágico, mas um processo que exige paciência e perseverança. O perdão é um remédio eficaz que atinge a raiz da mágoa e da culpa que nos faz adoecer. Para que o remédio do perdão chegue até à raiz do problema é necessário mexer na ferida para se chegar à causa mais profunda da mágoa e da culpa e, assim, conseguir perdoar e ser perdoado de todo o coração. Há pessoas que dizem: "eu não quero mais tocar nesse assunto; coloquei uma pedra sobre isso". Na verdade estão com medo de sofrer ao mexer na ferida. Preferem negar a enfrentar o problema. Um dia, Pedro perguntou a Jesus: "Senhor, quantas vezes devo perdoar meu irmão quando ele pecar contra mim?" (Mt 18, 21). A resposta do Mestre foi clara: "setenta vezes sete" (Mt 18, 22), que significa sempre e de todo coração! Mas, até quando? Até o coração ficar livre da mágoa e do ressentimento. Não se trata de esquecer, mas, sim, de lembrar sem sofrer. Quando for possível a reconciliação deve acompanhar o ato de dar ou receber o perdão, embora haja situações em que a reconciliação não seja mais possível. Por exemplo: uma amizade rompida, um casamento desfeito. Mas em qualquer circunstância o perdão é sempre necessário. Por experiência, posso afirmar, sem dúvida, que nós sofremos muito mais pelas conseqüências das culpas, mágoas e ressentimentos guardados, do que pelas ofensas recebidas. Muitos prejuízos podem se recuperados, mas os danos provocados diretamente pela mágoa só podem ser curados através de muita oração e exercícios de perdão. O tratamento e a cura para a mágoa é dar o perdão, é perdoar. É com o perdão ensinado e testemunhado por Jesus que se deve perdoar: "Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem" (Lc 23, 34). Graças a esse perdão conquistado por Jesus na cruz e no Calvário fomos curados, libertos e salvos. Para ser curado é necessário fazer o exercício e a oração do perdão pelo menos por 30 dias. Procure um lugar de silêncio e coloque-se na presença de Deus. Invoque o Espírito Santo... Imagine cada pessoa, viva ou falecida, que você precisa perdoar e reze com fé a oração a seguir, ou outra semelhante: "(o nome da pessoa) em nome de Jesus seja perdoado de todo o meu coração. Assim como eu fui perdoado pelo Senhor Jesus, eu te perdôo, porque você não sabia o que estava fazendo contra mim. Eu te declaro livre de toda culpa que possa estar no seu coração e que ainda faz você sofrer. Eu estou livre de toda mágoa e ressentimento que eu tinha contra você. Ofereço meu abraço de perdão e de reconciliação, e te desejo a paz de Jesus. Amém!" Nós não somos apenas ofendidos, mas ofendemos também. Por isso, quando tomamos consciência dos prejuízos que causamos aos outros, por aquilo que falamos ou fizemos de mal, é necessário pedir e receber o perdão, para sermos curados da culpa, da acusação e da condenação que pesam sobre nós. E, para nos sentirmos perdoados não basta apenas um simples pedido de perdão. Muitas vezes é necessário fazer a reparação do mal causado. Há muitos exemplos de reparação na Bíblia: Zaqueu, chefe dos cobradores de impostos, se arrependeu, pediu perdão e foi perdoado. Mas, para tomar posse da cura que vem do perdão, decidiu fazer reparação: "Senhor, vou dar metade dos meus bens aos pobres e, se tiver defraudado alguém, restituirei o quádruplo" (Lc 19, 8). Paz e bem

Criados para o amor

''Deus disse: 'Façamos o homem à nossa imagem e semelhança.' Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus; criou o homem e a mulher" (Gênesis 1, 26-27). É interessante perceber que em dois versículos repete­-se por três vezes a mesma decisão divina de "criar o homem e a mulher à Sua imagem e semelhança"! Mas, o que significa ser imagem e semelhança de Deus? Tenho certeza de que você não está pensando que nós fomos criados à imagem física de Deus, com um rosto igual ao rosto de Deus. Sabemos que Deus é Espírito puríssimo. Ele não tem um corpo físico como o nosso. Como, então, podemos compreender o que é ser imagem e semelhança de Deus? Primeiro precisamos saber "o que Deus é". Essa revelação está na Primeira Carta de São João (4, 8-16): Deus é amor. A definição parece vaga, mas, por ser amor, podemos pensar que Deus é uma família, formada pela Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Pois, observe no texto bíblico, o tempo verbal usado por Deus: façamos. A Igreja acredita que Deus é uno e trino, ou seja, são três pessoas numa só. É o mistério da Santíssima Trindade. Não podemos compreender esse grande mistério, mas podemos experimentá-lo através da fé. Ora, se a Santíssima Trindade, que é Deus, é amor, significa que e eu, você e todos os seres humanos, de todos os tempos, fomos criados à imagem e semelhança desse amor, de Deus. Então nós fomos criados por amor e para o amor! Deus não pode criar nada que não contenha Sua natureza amorosa. Por isso, também fomos criados para sermos amor! Quando declaro essa realidade não estou falando apenas de algo romântico, poético, emocionante. Estou declarando uma das verdades mais importantes, significativas e relevantes da vida do ser humano. Porque, se fomos criados para ser amor, só nos realizaremos na vida, só seremos realmente felizes, se nos realizarmos no amor. Essa é uma verdade fundamental, essencial para a nossa existência humana. Não é difícil compreendê-Ia ou até mesmo comprová-Ia. Alguém pode ser muito rico, mas se não se realizar no amor, não será feliz. Se a riqueza fizesse a felicidade, todos os ricos seriam felizes e os pobres, infelizes. Os bens materiais até podem auxiliar para o bem, para a realização da pessoa. Mas, por si só, não preenchem o coração humano. Não podem comprar a felicidade. São Paulo nos ensina: "Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, sou como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, senão tiver amor, não sou nada. Ainda que distribuísse todos os meus bens aos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, de nada valeria! O amor é paciente e bondoso. Não tem inveja. O amor não é orgulhoso. Não é arrogante nem escandaloso. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará. A nossa ciência é parcial, a nossa profecia é imperfeita. Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Desde que me tornei adulto (a), eliminei as coisas de criança. Hoje vemos como por um espelho, confusamente; mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei totalmente, como eu sou conhecido. Por ora subsistem a fé, a esperança e o amor. Porém, o maior deles é o amor" (I Cor 13). Alguém pode ter muita cultura e títulos universitários, mas pode não ser feliz se não se realizar no amor. Se a cultura gerasse a felicidade, as pessoas cultas seriam felizes e os analfabetos infelizes. Sabemos, porém, que não é essa a realidade. Alguém pode ser famoso, mas não ser feliz. Lembremo-nos de tantos artistas e pessoas da vida pública, desportistas afamados, que não foram ou não são felizes porque não se realizaram no amor. O que realiza o ser humano é o amor e não a glória da fama humana! Alguém pode alcançar lugares de grande poder, pode tornar-se presidente do Brasil, dos EUA, da China, e não ser feliz, se não se realizar no amor. Portanto, se Deus nos criou à Sua imagem e semelhança para sermos amor, só nos realizaremos se, durante a caminhada de nossa vida, nós nos realizarmos no amor. É evidente que os bens materiais, a cultura, o poder e a fama, em certas circunstâncias, podem colaborar para que as pessoas se realizem e sejam felizes! Repito: podem colaborar! Mas a verdadeira fonte da felicidade, da realização, da plenitude do coração humano é o amor. Deus, que nos criou à Sua imagem e semelhança, sabia que, para sermos amor, precisaríamos de um lugar especial para viver esse amor, onde pudéssemos ser amados e também aprender a amar. É exatamente por meio desta troca de amor, por meio deste jogo, de sermos amados e amar, que chegaremos à maturidade do amor. E, quando atingirmos essa maturidade do coração é que nos sentiremos realizados e felizes. Esse lugar especial do amor é a FAMÍLIA. Foi para ser um ninho de amor que Deus a criou. Como Deus também forma uma família, na Trindade, Ele quis que tivéssemos a mesma experiência. E quando alguém tem a felicidade, a graça e a bênção de viver numa família, onde se vive o amor, essa pessoa tem muito mais chances de ser realizada e feliz. Mas, quando, ao contrário, um filho encontra em sua família um lar desajustado, pais separados, casal que briga com frequência, não dialoga e não educa, com certeza esse filho ficará marcado por traumas, recalques, carências afetivas e tantos outros problemas. Por causa desse desamor ele será portador de sofrimentos, de marcas dolorosas, que irão afetar a sua vida e a sua realização pessoal e familiar. E, para formar a família, esse ninho de amor, Deus criou os laços de sangue, que são aquela força existente no íntimo do ser humano, que liga fortemente o coração dos pais ao coração dos filhos, o coração dos filhos ao dos pais e que liga os corações entre os irmãos. Percebam a lógica da sabedoria do amor de Deus! Ele criou os laços de sangue para manter as pessoas unidas, a fim de formar a família para que haja a troca do amor. Portanto, os laços de sangue são uma grande maravilha criada por Deus Pai para o bem do ser humano. Mas é preciso compreender, ainda, que esses laços de sangue devem gerar os laços de amor. Os laços de sangue são um meio para que se criem os laços de amor. Às vezes, infelizmente, existem os laços de sangue, mas não se criaram os laços de amor, porque não houve convivência amorosa entre as pessoas. Existem pais que dão de tudo para os filhos, do bom e do melhor, mas não dão o principal, o essencial, que é o amor. A finalidade dos laços de sangue consiste em formar laços de amor que liguem fortemente as pessoas entre si, na família. Assim, unidas entre si, cada membro da família pode trocar amor, amadurecer no amor, aprender a amar e ser amado, se realizar e ser feliz. Para ser feliz é preciso viver o amor! Sem o amor a vida não tem sentido, exatamente porque fomos criados para o amor. Só o amor preenche, satisfaz e realiza o coração do ser humano. Portanto, o mais importante para você e sua família é, sem dúvida nenhuma, o amor. As outras coisas viram em consequência desse amor. Então, em sua família, não tenha medo de amar e ser amado (a)